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MasticadoresBrasil Editora: Miriam Costa

By Fabiana Carneiro da Silva. & Itaú Cultural

A sérieEncontros com a nova literatura brasileira contemporâneaapresenta o trabalho de escritores da cena literária recente, com uma seleção atenta à produção de todas as regiões do país. Neste ciclo, a curadoria e a apresentação sãoda pesquisadoraFabiana Carneiro da Silva.

Quais etnias indígenas localizadas no Sul do Brasil você conhece? Em que lugar do seu sistema-mundo estão as histórias, as lutas, os saberes e as produções artísticas desses povos? A sociedade Kaingáng é constituída pelo dualismo entre os clãs Kairu e Kamé. É a essa última linhagem, de guerreiros impetuosos e valentes, cuja força vem do Sol, que pertence a escritora, arte-educadora e artista plástica Vãngri Kaingáng, nascida na aldeia de Ligeiro, no município de Tapejara (RS). Em sua retomada do território da literatura brasileira, Vãngri grafa uma poética que coloca em suspensão os sentidos com que…

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MasticadoresBrasil Editora: Miriam Costa

By Odilon Machado de Lorenço

Aquelas horas à deriva em tempestade no mar Sem uma enseada, uma pedra, somente a relva do mar Os corais eram azuis e um barco desancorado vogava à mercê do mar Nadavam ali sereias, como luzes delirantes cantavam a morte no mar Marinheiros se encantaram, se perderam, enlouqueceram nas águas daquele mar Viam cosmos que nasciam nos olhos vindos das águas no envolto do groso mar Havia ainda lembranças de outros mares, de lonjuras, mas ali ventos em fúria rompiam velas ao mar Naufragaram os navegantes, o barco foi afundando e foi indo na corrente ao fundo do bravo mar Marinheiros eram tantos nascidos pra navegar, calaram luas de águas, dias de porto e milhas de mar Foi-se ali suas venturas balindo aos sinos cantantes do aconchego do mar Havia a grande miragem dos desterrados no mar Cantavam mais as sereias o canto mavioso da…

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MasticadoresBrasil Editora: Miriam Costa

GONÇALVES DIAS – OS TIMBIRAS by Odilon Machado de Lourenço

Onde está o ouro? O diamante eterno?

Está no corpo da mulher mais bela da Europa – arrematou o velho. E depoiscontinuou: – Brilham em suas orelhas o sangue da América, seu sorriso é uma homenagempóstuma de irreveláveis belezas, são aldeias em chamas, pirâmides ao chão, destruídasnações… Seus anéis são bateias de medo. São tiros seus olhos. Esta mulher é um pecado àparte, uma situação anunciada do belo perigo que se passa na vida.

Eis o tempo querendoarrastar-se, os olhos do mundo são vícios seus, é magia, aparição desesperada e nualoucura… É o silêncio perplexo daquele que via embarcações aportarem o canhão, oscavalos, as espadas, as roupas metálicas dos deuses… É a fúria desse mesmo silêncio, é oembate da luta para vingar-se da morte antes de morrer em seus domínios.

Quantos de nós são as volúpias dessa mulher toda púbere…

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MasticadoresBrasil Editora: Miriam Costa

Andamos nos caminhos vendo flores morenas

Os olhares dos milênios no sangue da América

Somos o desenho riscado ao luar da esperança

Atravessamos as brisas, os dias de sol…

Batemos sempre forte por livres amanhãs

Não perdoamos os que deixaram abatidos nossos

antigos irmãos que diziam que a terra não havia de

ser vendida

Que não se renderam e deixaram a vida

Deixaram a luta para que outras mãos empunhassem a lança

A lança da revolta e da justiça

Do dia trevoso e sem deuses

Porque eles não vieram?

Se gostavam de sangue porque não vieram?

Seguimos com o nosso, nossa força

Estamos aqui!

Temos outros que são pequenos

Estes acariciamos e damos vida, para que

perpetue a paz nos passos que damos

E não seremos silêncio

Bravos seguimos.

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MasticadoresBrasil Editora: Miriam Costa

Blog de Odilon

Navegaria as águas do mundo envelado em seus olhos

Sorriria seu sorriso navalhado em distâncias

Com o puro amor de meus desejos beijaria seus lábios

No eco de suas orelhas belas palavras arrancadas de mim, se eu fosse sua morte

E seria eu as quentes areias coladas na pele de suas enseadas

A pálpebra delicada na face que dorme

E seria você a sombra a acompanhar-me pelos mares e céus

Seria você a tempestade e a calmaria de voluptuosas marés em meu peito

Seriam as fortes ondas de seus cabelos a estilhaçar meus ombros mar adentro

Se eu fosse a sua morte morreria contigo

E que Ela em sua voz abraçasse-me e dissesse-me – eu lhe amo meu mais novo amante.

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MasticadoresBrasil Editora: Miriam Costa

By Odilon Machado de Lourenço Blog

PARA O AMIGO CLAUDIO CARDOSO.

Quero andar para um rio

Ver verde de campos…

Matas plantadas no céu…

Ouvir pássaros, águas nervosas, montanhas caladas…

Correr no inviolável silêncio dos meus olhos!

Abandonar-me sobre as pedras

Observar liquens, lagartos ligeiros…

Novas estrelas no arvoredo noturno

Quero praticar o silêncio.

Escalar irregularidades no corpo da terra

Espreitar muralhas recortadas na lamina das águas

Arrancar do sol marcas em minha pele!

Da noite, em tenebroso abraço quero o uivo longínquo que me espera.

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MasticadoresBrasil Editora: Miriam Costa

Será sem saber como, imagino Será na batalha final entre mim e o tempo Haverá um pássaro azul na árvore junto aos meus olhos? De flores estarão cobertas as cerejeiras do Japão, talvez nessa hora Uma guerra travada na Zâmbia, talvez nessa hora elimine culturas Um submarino de marinheiros mortos tocará o mais fundo do mar, talvez nessa hora O sol impedido, talvez nessa hora escureça pra sempre Será no meio fio da Rua das Lonjuras? Será na solidão de miragens em Gobi onde a sede do beduíno não importa ao deserto? Será nos braços de mouras num palácio andaluz? Talvez nessa hora seja eu o ponto cinzento caído sob as brumas de Londres Ou talvez a morte não queira minha morte Seja eu um pirata na mira longínqua de outro pirata Talvez nessa hora as ondas do mar se elevem tão alto afogando as enseadas de minhas retinas Talvez…

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